A explicação do porquê trabalhamos cinco dias por semana

Andressa Schneider
Inquietaria
Published in
3 min readApr 7, 2016

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Aprendemos nas aulas de Geografia que a Terra leva 365 dias para dar uma volta completa ao redor do sol. E que o planeta demora 24 horas para dar uma volta em torno do seu eixo.

São dois fenômenos naturais que não estão sob o controle do ser humano. Mas, a natureza não diz que o ano deve ter necessariamente 365 dias, o mês 30, 31 dias, e a semana sete dias. Essas “unidades de medida” foram criadas apenas para organizar o nosso tempo de vida.

Você já se perguntou por que trabalhamos (na maioria dos casos) cinco dias por semana?

A resposta para esse questionamento está na tradição de civilizações antigas, nas religiões e em convenções sociais impostas no início da revolução industrial.

A origem dos sete dias

A divisão da semana em sete dias começou na Babilônia, civilização que ocupou a região da Mesopotâmia e teve o seu auge dois mil anos antes de Cristo.

O uso do número sete tem a ver com sua crença na existência de sete planetas no sistema solar. A crença se espalhou entre os egípcios, gregos e romanos. Depois de um exílio na Babilônia, no século seis antes de Cristo, os judeus também adotaram um calendário com sete dias.

Para os babilônios e judeus, o sétimo dia era especial, ainda que por motivos diferentes. Os primeiros proibiam uma série de atividades no sétimo dia, considerado como um dia de “má sorte”, aproveitando para fazer orações e ofertas aos seus deuses. Já os judeus reservavam o sétimo dia para o descanso e adoração a Deus.

As indústrias Ford criaram os ‘dias úteis’

Lá no início da revolução industrial, os operários trabalhavam 14, 16 horas por dia, durante pelo menos seis dias por semana. O domingo era o dia de folga para que os trabalhadores católicos pudessem cumprir as doutrinas da religião.

A semana com cinco dias de trabalho começou a ser instituída em algumas fábricas para acomodar os hábitos dos trabalhadores judeus, que usam o sábado como um dia de oração.

Em 1920, o fundador das indústrias Ford, Henry Ford, decidiu implantar um regime de trabalho feito de cinco dias úteis, seguidos de dois dias de folga, com oito horas de trabalho em cada dia.

Ele percebeu que os empregados produziam mais e melhor sob este regime, garantindo a eles mais horas de sono, de descanso e de lazer. Conhecida como “A Grande Depressão”, a crise de 1929 consolidou os dois dias de folga na semana como um antídoto para o desemprego.

Propostas para revisar o calendário de trabalho

Em 1928, o economista John Maynard Keynes especulou que em 2028, cem anos depois, a semana de trabalho teria somente 15 horas (três por dia). Keynes errou no cálculo, mas alguns estudos continuam defendendo a diminuição da jornada de trabalho.

A organização New Economics Foundation defendeu, em 2013, a instituição de uma semana de trabalho de 30 horas. Uma outra campanha é a favor da redução para 20 horas semanais.

O principal argumento a favor da redução da jornada de trabalho é a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, além do que isso ajudaria a reduzir as emissões de carbono e gastos com a saúde. Isso também garantiria maior oferta de empregos e o equilíbrio de salários em setores onde a oferta de mão de obra está saturada.

A semana de trabalho de 30 horas por semana é uma realidade em um asilo na Suécia. O experimento faz parte de uma tentativa do governo local de experimentar alternativas à jornada de trabalho tradicional.

Mas, segundo o Comitê para o Desenvolvimento Econômico, há desvantagens nesse modelo. A organização norte-americana afirma que jornadas de trabalho inferiores a 40 horas semanais farão crescer a desigualdade de salários e a polarização do mercado de trabalho, provocando o desaparecimento de empregos da classe média, a diminuição dos benefícios trabalhistas e o aumento da diferença de salários entre homens e mulheres.

Um outro estudo também destaca um impedimento cultural. Em algumas culturas, por motivos religiosos ou históricos, o valor da pessoa é medido pelo o quanto ela trabalha, ou seja, diminuir as horas de trabalho por semana iria de encontro a normas e conceitos profundamente enraizados.

Fonte: NEXO

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